quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Não aos “Relacionamentos Pré-Moldados”

As edificações pré-moldadas foram, em minha opinião como leigo na área, um dos maiores avanços na área das construções, isso porque são práticas, fáceis de fazer, baratas, e o mais importante em nossa sociedade, economizam muito tempo.
No entanto, quando falamos de relacionamentos (sejam eles amorosos ou frater-nais), o quê eu denomino como “Relacionamentos Pré-moldados” foi um dos maiores retrocessos. Basicamente, buscamos trazer para nossas relações conceitos utilizados em setores em nossas vidas, como os setores comerciais, no entanto, parece que nos esque-cemos que há certos setores em nossas vidas em que as regras da sociedade atual confli-tam. Mas, como temos intelecto muito avançado, tentamos driblar esses conflitos, afi-nal, tudo deve ser válido em nome do progresso, ou do “Just Time”. O Pequeno Prínci-pe (Antoine De Saint-exupery) já dizia na fala da Raposa: “(cativar) É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa ‘criar laços...’”; " A gente só conhece bem as coi-sas que cativou Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos”(parênteses acrescentado). Vivemos em uma geração onde tudo deve ser rápido, e perdemos a habilidade de cativar e ser cativados. Hoje, com os vários sites de relacionamentos e as tão famosas salas de Chat, que vão dos gostos mais gerais aos mais específicos, tudo tem de ser rápido. Não gastamos mais que cinco minutos escre-vendo algo sobre alguém (isso quando escrevemos ao invés de copiar uma mensagem de algum lugar e colar).
Eu estava a alguns meses assistindo o final de um grande reality show em uma emissora de televisão, e o objetivo deste programa era que duas irmãs gêmeas encon-trassem entre um número x de participantes o amor de suas vidas, o programa deve ter durado cerca de 2 meses. No fim do programa as duas irmãs escolheram a mesma pes-soa (certo rapaz), e esta pessoa teve de escolher entre as duas. Ele fez a escolha dele, o quê decepcionou muito a irmã preterida. Porém, ao fim do programa, havia um especial, onde as irmãs iriam lavar a roupa suja, então houve certo momento em que pergunta-ram para o rapaz alguma coisa que me foge da memória. E ele disse que se a irmã prete-rida houvesse agido diferente em uma determinada ocasião, ele teria escolhido diferen-te. Bem, não preciso nem dizer que a outra irmã ficou ultrajada.
Na semana seguinte, na mesma emissora estava começando outro reality show, onde dessa vez, o objetivo era ser (como o próprio nome do programa dizia) “O mais novo melhor amigo de infância” de determinada artista pop. Neste programa, a própria artista chamava os participantes de seus bonecos. O programa deve ter durado tanto quanto o outro.
Bem, em uma sociedade onde em dois meses se encontra o amor de sua vida, ou seu amigo de infância em dois meses, onde não há tempo para cativar, e onde as mu-danças de grandes decisões de relacionamentos podem ser mudadas apenas por impul-sos momentâneos. Não encontro mais espaço para o cativar, para o verdadeiramente conhecer, sejam amigos ou candidatos a um relacionamento mais sério. A grande ver-dade é que deixamos de conhecer as pessoas com nossos relacionamentos pré-moldados, e nosso conceito fast-food de conhecer as pessoas, estasmos deixando de ser humanos, para virarmos máquinas. Inventou-se o ficar para “conhecer melhor a pessoa”, mas, não era essa a função do namoro?! Inventaram-se os sites de relacionamento para conhecermos pessoas, mas, como conhecer uma pessoa estando enfurnado dentro de casa? Trocamos nossos relacionamentos humanos por apenas relacionamentos pré-moldados, onde vele tudo, e nada do quê se diz tem valor real. Será que nossos valores de relacionamentos foram tão afetados a ponto de não podermos mais voltar atrás? Até quando vale a pena sacrificar valores para não perder tempo? Essas são questões que deve ser respondida por cada um de nós (individual), e por cada um de nós (coletivo).